Imagem quadrada de rua destruída por terramoto, com grande fenda no asfalto e o texto “O QUE SÃO TERRAMOTOS?” ao centro.

O Que São Terramotos: Causas, Tipos e Impactos no Mundo

Imagine-se numa manhã tranquila, quando de repente o chão começa a tremer. Objetos caem, edifícios balançam e um som profundo ecoa das entranhas da Terra. Em poucos segundos, a paisagem muda — e nada volta a ser igual. Este é o poder de um terramoto, um dos fenómenos naturais mais impressionantes e, ao mesmo tempo, mais destrutivos do planeta.

Mas afinal, o que são terramotos? Como se formam e por que razão ocorrem em certas regiões com mais frequência do que noutras? Ao longo deste artigo, vamos explorar em detalhe as causas deste fenómeno, os diferentes tipos de sismos, como são medidos e quais os impactos que provocam no mundo. Também vamos recordar alguns dos terramotos mais marcantes da história e perceber o que a ciência tem feito para minimizar os seus efeitos.

Compreender este fenómeno não é apenas uma questão de curiosidade científica — é uma forma de estarmos melhor preparados para lidar com ele. Vamos começar esta viagem pelo coração da Terra e desvendar os segredos por trás de cada tremor.

Resumo de conteúdo

O Que São Terramotos?

Um terramoto, também chamado de sismo ou abalo sísmico, é um fenómeno natural que ocorre quando há uma libertação súbita de energia no interior da crosta terrestre. Essa libertação provoca vibrações que se propagam pelo solo sob a forma de ondas sísmicas, sentidas à superfície como tremores de terra.

Na maioria dos casos, os terramotos resultam do movimento das placas tectónicas, enormes blocos que compõem a superfície da Terra e que estão em constante, embora lento, deslocamento. Quando essas placas se chocam, deslizam ou se afastam, a tensão acumulada ao longo do tempo é libertada de forma abrupta, originando um sismo.

É importante distinguir os terramotos de outros fenómenos semelhantes. Por exemplo:

  • Maremotos ou tsunamis não são terramotos, mas podem ser causados por eles, especialmente quando o epicentro do sismo se encontra no fundo do mar.
  • Vibrações causadas por atividades humanas — como explosões ou mineração — também podem gerar pequenos sismos, mas de intensidade e impacto muito inferiores aos provocados pela natureza.

Em termos científicos, os terramotos são medidos e estudados através da sismologia, a ciência que analisa a propagação das ondas sísmicas e investiga a estrutura interna da Terra. Este conhecimento é fundamental para compreender o que são terramotos e desenvolver estratégias que permitam reduzir os danos que provocam.

Causas dos Terramotos

Embora os terramotos possam parecer fenómenos súbitos e imprevisíveis, eles resultam de processos geológicos que ocorrem de forma lenta e contínua no interior do planeta. A principal causa está relacionada com a dinâmica das placas tectónicas, mas existem também outros fatores que podem provocar abalos sísmicos.

1. Movimentos das Placas Tectónicas

A crosta terrestre é composta por grandes blocos, conhecidos como placas tectónicas, que flutuam sobre uma camada mais densa e quente chamada manto. Estas placas movem-se alguns centímetros por ano, mas quando ficam “presas” umas às outras, a energia acumulada ao longo de anos ou séculos é libertada de forma súbita, gerando um terramoto.
Existem três tipos principais de movimento:

  • Convergente – quando duas placas colidem (ex.: cordilheira dos Himalaias).
  • Divergente – quando duas placas se afastam (ex.: dorsal mesoatlântica).
  • Transformante – quando duas placas deslizam lateralmente uma em relação à outra (ex.: falha de Santo André, EUA).
Ilustração dos três tipos de limites entre placas tectónicas: divergente, transformante e convergente.
Tipos de limites entre placas tectónicas.

2. Erupções Vulcânicas

Terramotos vulcânicos ocorrem quando o magma se desloca no interior da crosta, provocando a quebra de rochas e libertando energia. Estes abalos costumam ser mais localizados, mas podem anunciar erupções iminentes.

3. Colapso de Cavidades Subterrâneas

O desmoronamento de minas, cavernas ou grandes formações rochosas pode gerar sismos de baixa magnitude, conhecidos como terramotos de colapso.

4. Atividade Humana

Embora menos comuns, atividades como a construção de barragens, extração de petróleo ou gás, fraturação hidráulica e explosões de grande escala podem induzir pequenos abalos sísmicos

Tipos de Terramotos

Os terramotos podem ter diferentes origens e características. Classificá-los ajuda os cientistas a compreender melhor os riscos e a preparar medidas de prevenção mais eficazes. Os principais tipos são:

1. Terramotos Tectónicos

São os mais comuns e resultam do movimento das placas tectónicas. Podem ocorrer junto a falhas geológicas ativas e, em alguns casos, provocar tsunamis.
Exemplo: Sismo de Tohoku (Japão, 2011).

2. Terramotos Vulcânicos

Relacionam-se com a atividade de vulcões. O movimento do magma e gases no interior da crosta provoca pequenas ruturas nas rochas, gerando tremores.
Exemplo: Sismos em torno do vulcão Eyjafjallajökull (Islândia, 2010).

3. Terramotos de Colapso

Ocorrem quando há desmoronamento de cavernas, minas ou outras estruturas subterrâneas. Costumam ser de baixa magnitude e alcance limitado.
Exemplo: Abalos registados em regiões mineiras.

4. Terramotos Induzidos pelo Homem

Resultam de atividades humanas como fraturação hidráulica, extração de petróleo e gás, grandes explosões ou construção de barragens. Geralmente, têm menor intensidade.
Exemplo: Sismos registados em zonas de fracking nos EUA.

Como se Medem os Terramotos

Os terramotos variam muito em intensidade e efeitos, e por isso os cientistas utilizam diferentes métodos e escalas para os medir e avaliar. As mais conhecidas são a Escala de Richter e a Escala de Mercalli, mas existem também tecnologias modernas que permitem registar até os sismos mais impercetíveis.

Escala de Richter

Criada em 1935 pelo sismólogo Charles F. Richter, mede a magnitude de um terramoto, ou seja, a quantidade de energia libertada no seu epicentro.

  • É uma escala logarítmica, o que significa que cada aumento de uma unidade corresponde a 10 vezes mais amplitude de onda sísmica e aproximadamente 32 vezes mais energia libertada.
  • Exemplo: um sismo de magnitude 6 liberta cerca de 32 vezes mais energia do que um de magnitude 5.

Escala de Mercalli Modificada

Mede a intensidade de um terramoto com base nos efeitos sentidos pelas pessoas, nos danos causados e na perceção em diferentes locais.

  • Vai de I (impercetível) a XII (destruição total).
  • É subjetiva, pois depende de relatos e observações no terreno.
  • Exemplo: um sismo pode ter magnitude 7, mas intensidade IX numa cidade próxima do epicentro e apenas V noutra mais distante.

Sismógrafos

São instrumentos capazes de detetar e registar as vibrações do solo.

  • Funcionam medindo o movimento relativo entre uma massa suspensa e a estrutura do aparelho.
  • Permitem identificar a hora exata, a localização do epicentro e a profundidade do sismo.
  • Hoje, muitos sismógrafos estão ligados em rede, formando sistemas globais de monitorização sísmica.
Tabela comparativa entre a escala de Richter e a escala de Mercalli, mostrando a magnitude, intensidade, efeitos em áreas povoadas e frequência anual de sismos.

Impactos dos Terramotos

Os terramotos podem alterar profundamente a vida das pessoas e o ambiente onde ocorrem. Os seus efeitos variam conforme a magnitude, a profundidade, a distância ao epicentro, a densidade populacional e a preparação da região atingida.

Efeitos Imediatos

  • Destruição de infraestruturas – Edifícios, pontes, estradas e redes de transporte podem colapsar.
  • Vítimas humanas – Feridos e perdas de vidas devido a desabamentos, quedas de objetos e incêndios provocados.
  • Interrupção de serviços essenciais – Falhas no abastecimento de água, energia elétrica, comunicações e transporte.

Exemplo histórico: O terramoto de Lisboa, em 1755, destruiu grande parte da cidade e causou dezenas de milhares de mortes.

Efeitos Secundários

  • Tsunamis – Ondas gigantes provocadas por sismos submarinos.
  • Incêndios – Muitas vezes resultantes de ruturas em gasodutos ou redes elétricas.
  • Liquefação do solo – Transformação de solos arenosos saturados em lama instável, causando colapsos estruturais.
  • Deslizamentos de terra – Especialmente em áreas montanhosas ou instáveis.

Exemplo histórico: O sismo do Japão (Tohoku, 2011) originou um tsunami devastador e uma crise nuclear em Fukushima.

Impactos Sociais e Económicos

  • Deslocamento de populações – Muitas pessoas ficam sem casa e precisam de abrigo temporário.
  • Crise económica – Custos elevados com reconstrução e recuperação, interrupção de atividades económicas.
  • Trauma psicológico – Medo persistente e stress pós-traumático entre sobreviventes.

Prevenção e Redução de Riscos

Embora não seja possível impedir que um terramoto aconteça, é possível reduzir significativamente os seus efeitos através de medidas de prevenção, planeamento e tecnologia. Estas ações salvam vidas, minimizam danos e aceleram a recuperação das áreas afetadas.

Construção Anti-Sísmica

  • Materiais flexíveis e resistentes que absorvem melhor as vibrações.
  • Sistemas de amortecimento (isoladores sísmicos) que reduzem o impacto dos tremores na estrutura.
  • Normas de engenharia rigorosas em zonas de risco, com fiscalização regular.

Exemplo: O Japão utiliza tecnologias avançadas em edifícios altos para resistirem a fortes abalos.

Sistemas de Alerta Precoce

  • Redes de sismógrafos que detetam ondas sísmicas iniciais e enviam alertas segundos antes do tremor principal.
  • Sistemas ligados a sirenas públicas, mensagens SMS e bloqueio automático de transportes (ex.: comboios).
  • Úteis para evacuar zonas de risco ou parar equipamentos perigosos.

Planos de Evacuação e Treino da População

  • Simulações regulares em escolas, empresas e comunidades.
  • Rotas de fuga sinalizadas e pontos de encontro seguros.
  • Kits de emergência com água, alimentos, lanternas e primeiros socorros.

Papel da Ciência e das Autoridades

  • Mapeamento sísmico para identificar zonas de maior risco.
  • Regulamentação de uso do solo, evitando construções em áreas perigosas.
  • Cooperação internacional na partilha de dados e tecnologias.

💡 Curiosidade: Apesar dos avanços na sismologia, a previsão exata de terramotos ainda não é possível. No entanto, a ciência tem conseguido reduzir os impactos graças à deteção precoce e à engenharia adaptada.

Infográfico em português explicando o que são terramotos, com ilustrações sobre o movimento das placas tectónicas, libertação de energia em ondas sísmicas, efeitos à superfície e um mapa-mundo com exemplos de grandes terramotos da história.
O que são terramotos e como afetam o mundo.

Grandes Terramotos da História

Ao longo dos séculos, os terramotos deixaram marcas profundas na história da humanidade. Alguns mudaram cidades inteiras, influenciaram políticas nacionais e até provocaram avanços científicos na forma como compreendemos estes fenómenos.

Terramoto de Lisboa – 1755

  • Magnitude estimada: 8,5 a 9,0.
  • Consequências: Destruiu grande parte da cidade, provocou um tsunami e incêndios que duraram dias.
  • Impacto histórico: Influenciou o urbanismo de Lisboa, impulsionou estudos pioneiros de sismologia e marcou o pensamento filosófico e político da época.
  • Frase célebre atribuída ao Marquês de Pombal: “Enterrar os mortos e cuidar dos vivos.”

Terramoto do Chile – 1960

  • Magnitude: 9,5 (o mais forte registado até hoje).
  • Consequências: Tsunamis atravessaram o Pacífico, atingindo Japão, Havai e Filipinas.
  • Impacto: Alterou a geografia local e ajudou a refinar os sistemas de alerta internacionais.

Terramoto de Tohoku, Japão – 2011

  • Magnitude: 9,0.
  • Consequências: Tsunami devastador, mais de 15 mil mortos e crise nuclear em Fukushima.
  • Impacto: Acelerou investigações sobre sistemas de alerta precoce e segurança nuclear.

Terramoto de São Francisco – 1906

  • Magnitude: 7,8.
  • Consequências: Incêndios gigantes destruíram grande parte da cidade.
  • Impacto: Revolucionou a engenharia sísmica nos EUA e impulsionou novas normas de construção.

Curiosidades Científicas

Para além do impacto direto na vida humana, os terramotos são fenómenos que guardam curiosidades fascinantes e até ligações com outros mundos.

Terramotos noutros planetas

  • Na Lua, registam-se moonquakes (sismos lunares) causados pela contração gradual do satélite e pelo impacto de meteoritos.
  • Em Marte, a sonda InSight da NASA detetou marsquakes, confirmando que o planeta vermelho também é geologicamente ativo.

A placa tectónica mais ativa do mundo

A Placa do Pacífico é responsável por grande parte da atividade sísmica do planeta, devido ao famoso “Anel de Fogo do Pacífico”, que concentra cerca de 90% dos sismos do mundo.

Registos mais antigos de terramotos

Civilizações antigas, como os chineses e babilónios, já deixavam relatos de tremores de terra há mais de 4 000 anos. Na Grécia Antiga, Aristóteles estudou causas possíveis, embora ainda baseadas em teorias erradas para a época.

Velocidade das ondas sísmicas

As ondas P (primárias) deslocam-se mais rapidamente e são as primeiras a chegar, enquanto as ondas S (secundárias) chegam depois e causam mais destruição.

Animais como “sensores vivos”

Há relatos históricos de animais que se comportam de forma anormal antes de grandes sismos, possivelmente reagindo a vibrações ou alterações eletromagnéticas impercetíveis para os humanos.

Citação Histórica

"Enterrar os mortos e cuidar dos vivos."

O que são Terramotos: Conclusão

Os terramotos são um lembrete poderoso de que vivemos num planeta dinâmico, em constante transformação. Apesar de muitas vezes surgirem de forma inesperada, a ciência já nos permite compreender melhor o que são terramotos, como se formam e quais as suas consequências.

Ao longo da história, grandes sismos moldaram cidades, economias e até formas de pensar. Hoje, graças ao avanço da sismologia, à engenharia anti-sísmica e aos sistemas de alerta precoce, é possível reduzir significativamente os danos e salvar vidas. No entanto, a prevenção e a preparação continuam a ser as melhores armas contra este fenómeno.

Como dizia o Marquês de Pombal após o terramoto de Lisboa, “Enterrar os mortos e cuidar dos vivos”. A frase mantém-se tão relevante hoje como há mais de dois séculos — cuidar dos vivos significa investir em conhecimento, planeamento e ação.

Se este tema despertou a sua curiosidade, explore também outros artigos do Axómetro.pt sobre história da Terra, alterações climáticas e vulcões para compreender ainda melhor as forças naturais que moldam o nosso mundo.

Assista ao vídeo sobre o que são Terramotos👇

📚 Principais Referências sobre o que são Terramotos

❓FAQs - Perguntas Mais Frequentes sobre o que são Terramotos

O que são terramotos e como se formam?

São abalos da crosta terrestre causados pela libertação súbita de energia acumulada, normalmente devido ao movimento das placas tectónicas.

A magnitude mede a energia libertada (Escala de Richter), enquanto a intensidade avalia os efeitos sentidos pelas pessoas e estruturas (Escala de Mercalli).

Não. A ciência consegue identificar zonas de risco e monitorizar atividade sísmica, mas não prever data e hora exatas.

Os principais são tectónicos, vulcânicos, de colapso e induzidos pela atividade humana.

Proteger-se sob uma mesa ou estrutura resistente, afastar-se de janelas, manter a calma e aguardar o fim do tremor antes de evacuar.

O do Chile, em 1960, com magnitude 9,5.

Há relatos de comportamentos incomuns em animais antes de sismos, mas não há provas científicas conclusivas.

Construções anti-sísmicas, sistemas de alerta precoce, educação da população e planeamento urbano adequado.

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