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Ilustração digital de um homem sumério ao pôr do sol, com uma tábua de argila com escrita cuneiforme, dois zigurates ao fundo e o título “Sumérios: A Origem da Escrita e da Civilização Humana”.

Sumérios: A Origem da Escrita e da Civilização Humana

Muito antes das pirâmides do Egito ou das colunas da Grécia Antiga, uma civilização floresceu entre os rios Tigre e Eufrates, dando os primeiros passos naquilo que viria a ser a história da humanidade. Estamos a falar dos sumérios, um povo enigmático que construiu as primeiras cidades, organizou uma sociedade complexa e, talvez o mais importante de tudo, inventou a escrita.

A civilização suméria marca o início da Idade Histórica, quando os acontecimentos deixaram de depender apenas da memória oral e passaram a ser registados em tábuas de argila com símbolos cuidadosamente desenhados — a escrita cuneiforme. Este feito extraordinário não só revolucionou a forma como os seres humanos comunicavam, mas permitiu também o desenvolvimento da administração, da literatura, do comércio e da justiça.

Mas os sumérios foram muito mais do que inventores da escrita. Foram pioneiros na organização social, na arquitetura monumental, na religião estruturada e no conhecimento astronómico e matemático. A sua influência estendeu-se ao longo de séculos, moldando culturas vizinhas e deixando um legado que ainda hoje nos surpreende.

Neste artigo, vamos viajar até à antiga Mesopotâmia para descobrir quem foram os sumérios, como viveram e de que forma mudaram para sempre o curso da história humana.

Quem Foram os Sumérios?

Os sumérios foram um povo da Antiguidade que se estabeleceu na região sul da Mesopotâmia, uma vasta planície fértil situada entre os rios Tigre e Eufrates, onde atualmente se encontra o sul do Iraque. Esta região, conhecida como o Crescente Fértil, foi palco das primeiras grandes experiências humanas de sedentarização, agricultura organizada e urbanização.

A fertilidade das margens dos rios permitiu o cultivo de cereais como o trigo e a cevada, o que resultou numa produção alimentar excedente. Esse excedente possibilitou o crescimento populacional e a diversificação de funções sociais — nem todos precisavam de trabalhar no campo, o que abriu caminho para novas profissões: sacerdotes, artesãos, escribas, comerciantes e governantes.

É nesse contexto que surgem os sumérios, provavelmente por volta do ano 4000 a.C., embora a origem exata deste povo continue envolta em mistério. Alguns investigadores acreditam que terão vindo do Leste, talvez da região do Irão atual, outros defendem que se desenvolveram localmente.

Independentemente da origem, a presença suméria marca o início de algo verdadeiramente novo:  civilização organizada, com cidades planificadas, leis escritas, instituições religiosas, e um sistema de escrita próprio — a escrita cuneiforme.

Primeiras cidades-estado sumérias

Uma das grandes inovações dos sumérios foi a criação de cidades-estado independentes, como Uruk, Ur, Eridu, Lagash e Nippur. Estas cidades funcionavam como pequenos reinos autónomos, cada um com o seu próprio governante, templo principal, panteão de deuses protetores e exército.

Uruk, em especial, é considerada uma das primeiras cidades da história da humanidade. Por volta de 3000 a.C., estima-se que teria entre 40 a 50 mil habitantes — um número impressionante para a época. A cidade era cercada por muralhas e possuía templos monumentais, como o zigurate de Anu, dedicado ao deus do céu.

A organização política destas cidades era inicialmente teocrática. Os líderes eram sacerdotes que afirmavam governar em nome dos deuses. Com o tempo, o poder tornou-se mais secular, e surgiram reis conhecidos como “lugals”, literalmente “grandes homens”. Estes governantes exerciam autoridade tanto militar como administrativa.

Os sumérios desenvolveram também leis e códigos de conduta para regular a vida em comunidade. A justiça era uma preocupação real e visível nos registos em escrita cuneiforme, antecipando em séculos os famosos códigos babilónicos, como o de Hamurábi.

Este modelo de cidade-estado suméria viria a influenciar profundamente outras civilizações mesopotâmicas, como os acádios, babilónios e assírios.

A Invenção da Escrita: Quando Tudo Começou

A invenção da escrita é, talvez, o feito mais notável dos sumérios. O surgimento deste sistema não foi súbito, mas resultado de uma necessidade prática: registar transações económicas.

No início, os sumérios usavam pequenos objetos de argila com formas simbólicas — conhecidos como tokens — para representar bens como grãos, ovelhas ou jarros de óleo. Mais tarde, esses tokens passaram a ser impressos ou desenhados em tábuas de argila, criando os primeiros registos visuais.

Por volta de 3200 a.C., este sistema evoluiu para a escrita cuneiforme (do latim cuneus, que significa “cunha”), composta por sinais em forma de cunha impressos com um estilete de madeira ou cana sobre argila húmida. Inicialmente pictográfica, a escrita suméria tornou-se mais abstrata e fonética com o tempo.

Os escribas eram formados em escolas especializadas, os edubba, onde aprendiam centenas de sinais e regras gramaticais. Escrever era uma tarefa exigente e prestigiada, acessível apenas a uma elite intelectual.

O impacto cultural e histórico da escrita

A criação da escrita pelos sumérios teve consequências revolucionárias. Pela primeira vez, os seres humanos podiam registar ideias complexas, leis, contratos, poesia, mitos, receitas médicas e até debates filosóficos. A escrita permitiu criar uma memória coletiva, conservar o conhecimento e transmiti-lo de geração em geração.

Um dos documentos mais impressionantes da literatura suméria é o Épico de Gilgamesh, considerado o texto literário mais antigo do mundo. Este poema narra as aventuras do rei de Uruk e aborda temas como a amizade, a imortalidade e o sentido da vida. A influência do épico é notória em obras posteriores, incluindo trechos da Bíblia.

A escrita também transformou a administração pública. Permitiu o registo preciso de impostos, censos populacionais, inventários de templos e propriedades, promovendo uma gestão mais eficiente e centralizada.

Além disso, a escrita consolidou o poder das elites. O domínio da leitura e da escrita tornou-se uma ferramenta de prestígio e autoridade, separando as classes letradas da restante população.

Por todas estas razões, muitos historiadores consideram que foi com os sumérios que começou verdadeiramente a História, como período distinto da Pré-História, marcada pela oralidade

Sociedade Suméria: Governo, Religião e Economia

A sociedade suméria era altamente hierarquizada e organizada, refletindo a complexidade crescente da vida urbana. No topo da pirâmide social estavam os reis-sacerdotes — inicialmente líderes espirituais que, com o tempo, passaram a exercer também o poder político e militar. Chamavam-se ensis ou lugals, e governavam em nome dos deuses.

Logo abaixo estavam os sacerdotes e escribas, considerados essenciais para manter a ordem divina e social. Os sacerdotes geriam os templos, interpretavam sinais dos deuses e lideravam rituais religiosos. Os escribas, por sua vez, eram os guardiões da escrita e da burocracia, encarregando-se da contabilidade, registo de leis e transações.

Seguiam-se os artesãos, comerciantes e agricultores, que sustentavam economicamente as cidades. A agricultura era central, mas a especialização de profissões foi uma das grandes marcas da sociedade suméria. Existiam oleiros, ferreiros, tecelões, pedreiros, músicos, médicos e até astrónomos.

Na base da sociedade estavam os escravizados, geralmente prisioneiros de guerra ou pessoas endividadas. Apesar disso, o estatuto de escravizado não era necessariamente vitalício — muitos podiam comprar a sua liberdade ou ser libertados pelos donos.

Este modelo social demonstrava já uma complexidade notável, com regras definidas, papéis bem distribuídos e uma clara separação de funções — algo inédito até então.

Religião politeísta e zigurates

A religião suméria era politeísta, e cada cidade venerava uma ou várias divindades específicas, consideradas protetoras da comunidade. Os deuses sumérios tinham características humanas: paixões, falhas, desejos e rivalidades. O panteão incluía figuras como:

  • An (ou Anu): deus do céu e pai dos deuses;
  • Enlil: deus do vento e da autoridade;
  • Enki: deus da água doce, sabedoria e criação;
  • Inanna (ou Ishtar): deusa do amor, da fertilidade e da guerra;
  • Utu: deus do sol e da justiça.

Os templos sumérios eram verdadeiros centros de poder. Os mais impressionantes eram os zigurates, enormes estruturas em forma de pirâmide escalonada, construídas em tijolo de adobe. Acreditava-se que estas edificações ligavam a Terra ao Céu, funcionando como moradas dos deuses na Terra.

O mais famoso destes monumentos foi o Zigurate de Ur, dedicado ao deus Nanna (deus-lua), cuja estrutura ainda hoje é visível no sul do Iraque. As cerimónias religiosas incluíam oferendas, música, sacrifícios de animais e festivais públicos. A astrologia também tinha um papel importante, sendo usada para interpretar a vontade divina.

A religião era parte integrante da vida quotidiana dos sumérios — influenciava as decisões políticas, a economia, a justiça e até as guerras.

Economia agrícola e comércio

Os sumérios deixaram um importante legado na história da Economia. Esta era baseada na agricultura, sustentada por um engenhoso sistema de irrigação artificial. Os sumérios construíram canais, reservatórios e represas para controlar as águas do Tigre e do Eufrates, o que lhes permitiu cultivar em grande escala, mesmo num clima quente e árido.

Os principais produtos agrícolas incluíam cevada, trigo, lentilhas, tâmaras e cebolas, além da criação de gado, ovelhas e cabras. Os excedentes agrícolas permitiram alimentar populações urbanas em crescimento e libertar parte da população para outras atividades.

Para além da agricultura, o comércio desempenhou um papel central. As cidades sumérias tornaram-se centros comerciais prósperos, importando madeira, metais, pedras preciosas e outros bens de regiões distantes como o Irão, Anatólia, Vale do Indo e Golfo Pérsico. Em troca, exportavam produtos agrícolas, tecidos, cerâmica e objetos de luxo.

As trocas comerciais eram feitas inicialmente por escambo, mas com o tempo surgiram formas de pagamento em prata, cevada e outros bens padronizados — antecipando os conceitos modernos de moeda e crédito.

A existência de mercados e contratos escritos (em tábuas de argila) é uma prova da sofisticação económica dos sumérios. A confiança nas transações era reforçada pela escrita cuneiforme, que permitia documentar dívidas, contratos de trabalho, arrendamentos e impostos.

Infográfico vertical sobre os sumérios, destacando a sua origem na Mesopotâmia, a invenção da escrita cuneiforme, a organização social em cidades-estado como Ur e Uruk, e o legado duradouro na história da civilização.
Descobre quem foram os sumérios, como criaram a escrita cuneiforme e de que forma moldaram as bases do mundo moderno.

Legado Científico e Cultural

Os sumérios estavam entre os primeiros a tentar compreender e medir o mundo de forma sistemática. A sua observação regular dos astros resultou em descobertas importantes na área da astronomia. Estudavam os movimentos do sol, da lua e das estrelas, e usavam-nos para marcar o tempo e prever eventos religiosos e agrícolas.

Foram os responsáveis pela divisão do ano em 12 meses lunares e do dia em 24 horas, com cada hora dividida em 60 minutos — um legado direto do seu sistema matemático sexagesimal, baseado no número 60.

Na matemática, criaram tabelas de multiplicação, raízes quadradas e até equações quadráticas. Também desenvolveram um sistema de pesos e medidas para facilitar o comércio e a engenharia.

Estes avanços não eram apenas teóricos: eram aplicados na prática na construção de canais, templos, zigurates e no planeamento urbano.

Arquitetura e arte

A arquitetura suméria baseava-se no uso de tijolo de adobe, devido à escassez de pedra na região. Apesar disso, construíram edifícios monumentais, muralhas e templos de grande escala. O domínio técnico era notável, com o uso de arcos, colunas e plataformas elevadas.

A arte suméria incluía esculturas votivas (figuras de fiéis em oração), baixos-relevos, mosaicos e, sobretudo, os célebres selos cilíndricos — pequenos cilindros gravados com cenas complexas que eram rolados sobre argila húmida para criar carimbos decorativos ou identificar documentos.

As obras artísticas retratavam deuses, cenas de culto, banquetes, guerras e a vida quotidiana, oferecendo-nos um olhar íntimo sobre esta cultura.

Mitologia suméria

A mitologia suméria é riquíssima e profundamente simbólica. Para além do já mencionado Épico de Gilgamesh, outros mitos relatam a criação do mundo, a organização da sociedade, o dilúvio universal e as relações entre humanos e deuses.

Segundo uma versão suméria da criação, os deuses criaram o ser humano a partir do barro para que este pudesse trabalhar e libertá-los do esforço físico. Essa visão da humanidade como serva dos deuses explica a forte ligação entre religião e dever social.

Estes mitos influenciaram muitas culturas posteriores, especialmente os babilónios e assírios, que herdaram e adaptaram as histórias sumérias. Traços dessa mitologia podem ser encontrados até em textos bíblicos, como o relato do dilúvio no Génesis.

A Queda dos Sumérios e o Seu Legado

Apesar de todos os avanços sociais, culturais e tecnológicos, a civilização suméria não foi eterna. A sua queda foi gradual, marcada por conflitos internos e por invasões de povos vizinhos.

Por volta de 2300 a.C., os acádios, liderados por Sargão da Acádia, conquistaram as cidades sumérias e fundaram o primeiro império semita da história. Sargão unificou a região sob um governo centralizado, mas não destruiu a cultura suméria — pelo contrário, absorveu e difundiu muitos dos seus elementos. A língua suméria continuou a ser usada na administração e na religião, mesmo após a ascensão do acádio como língua dominante.

Mais tarde, por volta de 2000 a.C., os amoritas, outro povo semita vindo do oeste, estabeleceram-se na Mesopotâmia e fundaram a famosa cidade de Babilónia. Sob o reinado de Hamurábi, a cultura suméria foi definitivamente integrada no mundo babilónico. Ainda assim, o idioma sumério deixou de ser falado no quotidiano, sobrevivendo apenas como língua litúrgica e académica — semelhante ao papel do latim na Idade Média europeia.

A decadência final das cidades sumérias resultou de uma combinação de fatores: pressões militares externas, crises económicas, alterações ambientais e lutas internas pelo poder. No entanto, os sumérios deixaram uma marca tão profunda que o seu legado continuou a moldar civilizações posteriores durante séculos.

Influência na Babilónia, Assíria e civilizações posteriores

Embora os sumérios tenham desaparecido como povo distinto, as suas ideias sobreviveram e prosperaram. Os babilónios, os assírios e até os persas herdaram muito da estrutura social, do conhecimento científico, da arquitetura e da mitologia suméria.

A escrita cuneiforme, por exemplo, foi utilizada por diversas culturas durante mais de dois mil anos. Muitos documentos importantes — como o Código de Hamurábi, os registos de astronomia assíria e as epopeias babilónicas — foram redigidos em variantes da escrita suméria.

A organização urbana, a administração centralizada, a contabilidade pública e até o conceito de lei escrita têm raízes profundas na tradição suméria. Mesmo em épocas muito posteriores, os estudiosos da Antiguidade olhavam para os sumérios como os inventores da civilização.

Hoje, ao escavarmos as ruínas de Uruk ou ao decifrar as tábuas de argila guardadas em museus, estamos a reconstruir não apenas a história de um povo, mas as fundações da própria sociedade humana.

Curiosidades Sobre os Sumérios

Além dos grandes feitos que marcaram a história, os sumérios deixaram-nos também diversos factos curiosos e fascinantes que revelam a complexidade e a originalidade da sua cultura. Eis algumas das curiosidades mais surpreendentes:

A primeira “biblioteca” do mundo

Muito antes da famosa Biblioteca de Alexandria, os sumérios já armazenavam conhecimento em tábuas de argila organizadas por temas, que eram guardadas em salas de templos e palácios. Estas coleções continham textos legais, administrativos, científicos, religiosos e literários — incluindo versões antigas do Épico de Gilgamesh. Alguns investigadores consideram estas salas como as primeiras bibliotecas da história.

Mulheres com direitos e deveres definidos

Ao contrário de muitas sociedades posteriores, as mulheres sumérias tinham um estatuto relativamente elevado. Podiam possuir propriedades, gerir negócios, assinar contratos e até atuar como sacerdotisas ou escribas. Alguns documentos mencionam mulheres comerciantes e até juízas. No entanto, o papel feminino estava ainda subordinado ao contexto religioso e familiar, especialmente no casamento e na herança.

Educação formal e escolas especializadas

Os edubba eram verdadeiras escolas sumérias, e têm um papel de destaque na história da Educação, onde jovens aprendiam a escrever, a contar, a fazer cálculos e a decorar textos religiosos. A aprendizagem era exigente e baseada na repetição. Muitos textos encontrados são cópias de exercícios escolares feitos por aprendizes de escribas. Os erros, aliás, são uma fonte preciosa para os arqueólogos, pois mostram como o conhecimento era construído.

Profissões inesperadas registadas em argila

As tábuas sumérias oferecem um retrato pormenorizado da vida urbana. Encontramos registos de profissões como cervejeiros, músicos, pastores, marinheiros, barbeiros, médicos e até exorcistas. Esta variedade revela uma sociedade diversificada, onde o trabalho estava altamente especializado — e devidamente documentado.

O humor e a crítica social já existiam

Alguns textos sumérios incluem provérbios, sátiras e até pequenas anedotas, o que mostra que o humor fazia parte do quotidiano. Há relatos de disputas entre animais, discussões filosóficas e até críticas à corrupção e à hipocrisia dos governantes e sacerdotes.

📜 Citação Histórica sobre os Sumérios

Entre as centenas de tábuas de argila recuperadas em escavações arqueológicas na antiga Mesopotâmia, algumas revelam não apenas dados administrativos ou mitos religiosos, mas pensamentos profundamente humanos e intemporais. Uma dessas citações, datada de mais de quatro mil anos, continua a ressoar até aos nossos dias:

“As palavras são como o vento. A escrita é como a semente plantada na terra.”

Esta simples frase encerra uma sabedoria notável. Para os sumérios, a escrita não era apenas uma ferramenta burocrática, mas um instrumento de preservação da memória, da cultura e da justiça. Enquanto as palavras faladas se perdem no ar, os símbolos gravados em argila permanecem como testemunhos eternos de uma civilização.

É esta consciência do tempo e da importância de deixar registos que marca a transição da Pré-História para a História. A escrita permitiu que os desejos, as leis, as histórias e as ideias dos sumérios ultrapassassem os séculos e chegassem até nós.

A citação revela também uma noção de futuro. Tal como uma semente se transforma em planta, o que é escrito pode germinar em outras mentes, noutras épocas, perpetuando o conhecimento.

Num mundo onde tudo parece efémero, recordar o pensamento sumério é um convite a valorizar a palavra escrita — que continua, como há milénios, a ligar o passado ao presente.

Conclusão

Os sumérios não foram apenas uma civilização entre muitas — foram os primeiros a transformar o mundo em algo reconhecível como sociedade humana organizada. Ao inventarem a escrita, criaram uma ponte entre o presente e o passado, entre o pensamento e a memória, entre a palavra e a eternidade.

Através das suas cidades-estado, templos monumentais, códigos legais, poemas épicos e sistemas administrativos, os sumérios lançaram as bases daquilo que hoje chamamos civilização. Foram pioneiros da ciência, da arquitetura, da contabilidade e, sobretudo, da linguagem escrita — um dos maiores legados de toda a história humana.

Apesar de terem desaparecido como povo distinto há milénios, o seu legado continua presente nos nossos calendários, nas nossas bibliotecas, nas leis que seguimos e até na forma como registamos a passagem do tempo. Quando usamos minutos, horas ou contratos escritos, estamos, sem o saber, a honrar uma herança suméria.

Estudar os sumérios é mais do que explorar o passado: é compreender o início da nossa jornada coletiva como espécie pensante e criadora de cultura. É perceber que, mesmo nos tempos mais antigos, os seres humanos já procuravam respostas, ordem, beleza e sentido para a vida.

Num mundo cada vez mais tecnológico e acelerado, olhar para as origens pode ajudar-nos a refletir sobre o que realmente importa — e a reconhecer que a escrita, nascida nas margens do Tigre e do Eufrates, continua a ser uma das ferramentas mais poderosas que temos para construir o futuro.

Assista ao vídeo sobre os Sumérios👇

📚 Principais Referências

The British MuseumMesopotamia

Ancient.eu (World History Encyclopedia)

The Oriental Institute University of Chicago

The Cuneiform Digital Library Initiative (CDLI)

The Metropolitan Museum of Art Heilbrunn Timeline

❓FAQs - Perguntas Mais Frequentes

Quem foram os sumérios?

Os sumérios foram uma das primeiras civilizações da história, surgida no sul da Mesopotâmia por volta de 4000 a.C., conhecida por criar as primeiras cidades e inventar a escrita.

Viviam no atual sul do Iraque, entre os rios Tigre e Eufrates, numa região conhecida como Mesopotâmia — considerada o berço da civilização.

A escrita cuneiforme foi o primeiro sistema de escrita do mundo, criado pelos sumérios, e consistia em sinais em forma de cunha gravados em tábuas de argila.

A invenção da escrita é considerada a maior contribuição dos sumérios, pois permitiu o registo permanente de informações, leis, comércio, mitos e ideias.

Era politeísta, com deuses associados a elementos da natureza e da vida. Cada cidade tinha deuses protetores e templos monumentais chamados zigurates.

Os sumérios organizavam-se em cidades-estado independentes, cada uma governada por reis-sacerdotes (lugals) e com sistemas administrativos próprios.

Eram templos em forma de pirâmide escalonada construídos pelos sumérios para honrar os seus deuses. Acreditava-se que ligavam a Terra ao Céu.

A civilização suméria foi gradualmente assimilada por outros povos, como os acádios e babilónios, devido a invasões, crises internas e alterações ambientais.

Resumo de Conteúdo

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